Uma jovem de 17 anos, residente no estado de Nevada, nos Estados Unidos, foi diagnosticada com uma doença pulmonar grave e sem cura após usar cigarros eletrónicos (vape) por três anos. A adolescente começou a vaporização aos 14 anos, durante a pandemia de COVID-19, como forma de lidar com a ansiedade e o isolamento social. Com o passar do tempo, o hábito secreto acabou por provocar sérios danos à sua saúde. Ela foi diagnosticada com bronquiolite obliterante, mais conhecida como "pulmão de pipoca", uma condição rara, crônica e que não tem cura.
O que é o "pulmão de pipoca"?
Essa doença provoca inflamação e cicatrização nos bronquíolos — os menores canais de passagem do ar nos pulmões — dificultando cada vez mais a respiração. Os sintomas incluem tosse persistente, chiado no peito, fadiga extrema e falta de ar, e podem evoluir para quadros incapacitantes. O nome "pulmão de pipoca" vem de casos ocorridos no início dos anos 2000, quando trabalhadores de fábricas de pipoca de micro-ondas inalaram uma substância química chamada diacetil, usada para dar sabor amanteigado ao alimento. Esse composto, quando inalado, torna-se altamente tóxico para os pulmões.
Relação com o vape
Além do diacetil, cigarros eletrónicos contêm uma mistura de substâncias químicas aromatizantes — como formaldeído e acetaldeído — que, embora aprovadas para uso em alimentos, não são seguras para inalação. Ao serem vaporizadas, essas substâncias entram diretamente nos pulmões e, em segundos, atingem a corrente sanguínea, chegando a órgãos vitais como o coração e o cérebro.
Mesmo com o avanço da ciência e alertas médicos, o uso de vape continua a crescer, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, atraídos pelos sabores doces e frutados como manga, chiclete e algodão-doce. A ilusão de que o cigarro eletrónico é uma alternativa "mais segura" ao cigarro tradicional tem contribuído para o seu consumo precoce — muitas vezes iniciado ainda na adolescência.
A jovem americana, que era líder de claque na escola, só descobriu a gravidade da situação após procurar ajuda médica por não conseguir respirar corretamente. Exames revelaram o diagnóstico preocupante. Como a bronquiolite obliterante não tem cura, o tratamento agora se concentra apenas no alívio dos sintomas, através de broncodilatadores, corticoides e, em casos extremos, transplante de pulmão.
Especialistas alertam que a única forma eficaz de evitar a doença é a prevenção. Isso significa evitar completamente a inalação de substâncias químicas tóxicas presentes nos vapores de cigarros eletrónicos. Médicos, educadores e autoridades de saúde pública defendem a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa desses produtos e campanhas de informação mais eficazes dirigidas especialmente aos jovens.
Este caso serve como alerta urgente para pais, escolas e governos. Assim como houve mudanças nas normas de segurança nas fábricas de pipoca anos atrás, é hora de rever com seriedade a indústria do vape, antes que mais adolescentes tenham a saúde comprometida de forma irreversível.