Será que você está a limpar sua garrafa de água como devia? Um estudo conduzido por Carl Behnke, especialista em segurança alimentar da Universidade Purdue, nos EUA, revelou que mesmo quem acredita manter bons hábitos de higiene pode estar a consumir água contaminada.
Behnke começou sua investigação depois de perceber que o interior da sua garrafa reutilizável, aparentemente limpa, deixava uma sensação escorregadia. Ao esfregar o interior com papel-toalha, ficou chocado com a sujeira. Intrigado, decidiu se aprofundar no tema. Ele e sua equipa recolheram garrafas de pessoas que passavam por um corredor da universidade e descobriram níveis alarmantes de contaminação – muitos preferiram nem saber os resultados.
Além da falta de higiene, o perigo é real. Um estudo em Singapura mostrou que, mesmo com água da torneira previamente fervida, o número de bactérias pode passar de 75 mil para mais de dois milhões por mililitro em apenas 24 horas. Segundo a microbiologista Primrose Freestone, da Universidade de Leicester, o ambiente quente e húmido do interior das garrafas é ideal para a multiplicação bacteriana.
Guardar a garrafa na geladeira pode ajudar a retardar o crescimento microbiano, mas não é suficiente. A contaminação vem, sobretudo, do utilizador: da boca, das mãos e do contacto com superfícies externas. Partilhar o recipiente ou levá-lo a locais como o ginásio sem a devida higiene contribui para a proliferação de microrganismos.
Behnke constatou que 15% dos participantes do seu estudo nunca lavavam as garrafas e que mais da metade partilhava o recipiente com outras pessoas. Mesmo entre os que limpavam regularmente, o uso de água fria ou apenas enxaguamento era comum – e ineficaz contra os biofilmes, a camada escorregadia onde as bactérias se multiplicam.
Outro erro frequente é colocar bebidas como chá, café, sumos ou batidos de proteína. Segundo Freestone, esses líquidos fornecem nutrientes que aceleram ainda mais a proliferação de fungos e bactérias.
A melhor forma de higienizar a garrafa é usar água quente (acima de 60 °C), detergente líquido e uma escova específica. Deixar repousar por 10 minutos antes de enxaguar e deixar secar ao ar livre são passos fundamentais. E nada de esperar a garrafa começar a cheirar mal – nesse ponto, o melhor é mesmo descartá-la.
Freestone também destaca: lavar as mãos antes de tocar na garrafa é essencial. Afinal, cada pessoa carrega entre 500 a 600 espécies de bactérias na boca – e o que é inofensivo para um pode ser perigoso para outro.
Hoje, Behnke segue à risca as boas práticas: lava e seca a sua garrafa semanalmente com spray desinfetante e escova própria para bicos e bocais. A sua experiência pessoal transformou o seu hábito – e pode ajudar muitos outros a evitarem problemas de saúde invisíveis, mas reais.