A exposição contínua a desastres ambientais, como enchentes, incêndios florestais e ciclones, tem um impacto significativo na saúde mental das populações afetadas. Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, e publicado na revista científica The Lancet Public Health em 29 de abril de 2025, analisou dados de mais de 1.500 pessoas expostas a pelo menos um desastre entre 2009 e 2019. Os resultados indicam que eventos climáticos extremos repetidos, especialmente em intervalos curtos de tempo, como um ou dois anos, estão associados a um declínio acentuado na saúde mental dos indivíduos.
O estudo comparou os dados dos participantes afetados por desastres com os de 3.880 australianos com perfis sociodemográficos semelhantes que não passaram por tais eventos no mesmo período. A análise revelou que mulheres, jovens, populações indígenas e moradores de áreas rurais são particularmente vulneráveis aos impactos psicológicos de desastres ambientais repetidos. Além disso, indivíduos com condições de saúde de longo prazo, deficiências, pouco apoio social, proprietários de imóveis com hipotecas e locatários também apresentaram declínios significativos na saúde mental após múltiplos desastres.
Os pesquisadores destacam que a repetição de desastres ambientais pode levar a um acúmulo de estresse e trauma, dificultando a recuperação emocional das comunidades afetadas. Diante disso, os autores do estudo recomendam mudanças nas estratégias de apoio às comunidades após desastres recorrentes, incluindo processos aprimorados de triagem e planejamento para suporte na recuperação.
A pesquisa também ressalta a importância de políticas públicas que integrem a saúde mental nas respostas às mudanças climáticas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que as mudanças climáticas representam sérios riscos para a saúde mental e o bem-estar, enfatizando a necessidade de incluir o apoio psicológico nas estratégias de enfrentamento da crise climática.