O que era para ser uma celebração global do futebol se transformou em um teste de resistência. O Mundial de Clubes 2025, disputado nos Estados Unidos, escancarou os efeitos de um inimigo cada vez mais presente nos grandes torneios: o calor extremo.
Com partidas realizadas em cidades como Miami, Pasadena, Filadélfia e Cincinnati, a competição ficou marcada por temperaturas acima dos 32°C, com sensação térmica ainda mais alta devido à umidade. Para muitos jogadores, o maior adversário não estava em campo, mas no ar abafado que parecia não dar trégua.
Na vitória do Borussia Dortmund sobre o Ulsan Hyundai, disputada em Pasadena, o termômetro não perdoou. Jogadores claramente exaustos pediam água com mais frequência, e as pausas para hidratação foram estendidas.
Marcos Llorente, do Atlético de Madrid, resumiu o drama: “Meus dedos do pé encravaram de tanto calor. Doía demais. Eu não conseguia correr.”
Não foram casos isolados. O Chelsea precisou interromper um treino em Filadélfia porque as condições estavam, segundo a comissão técnica, “impossíveis”. Um jogador relatou que o banco de reservas parecia uma chapa quente.
Até os animais estão sofrendo com a temperatura elevada nos Estados Unidos. Nos estádios e ao redor, cães farejadores usavam sandálias Crocs para proteger as patas do asfalto que atingia cerca de 38°C.
Quando o calor vira risco à saúde
A preocupação se estendeu para fora dos gramados. A FIFPRO, entidade que representa jogadores do mundo todo, pressionou a FIFA para rever os protocolos de calor. Hoje, o jogo só é suspenso se a temperatura ultrapassar os 32°C medidos pelo índice WBGT — que considera calor, umidade e radiação solar. Para a FIFPRO, isso é insuficiente.
“A ciência climática avançou, mas o futebol parou no tempo. Precisamos agir antes que alguém desmaie em campo”, afirmou um porta-voz da entidade.
E a Copa de 2026?
O alerta vem em boa hora. A Copa do Mundo de Seleções de 2026, também nos EUA (além de México e Canadá), terá 48 seleções e dezenas de partidas em cidades tradicionalmente quentes no verão, como Houston, Dallas, Miami e Atlanta. O temor é que as temperaturas sejam ainda mais extremas, colocando em risco a saúde de jogadores e torcedores.
Algumas sugestões já estão na mesa:
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jogos noturnos;
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mais pausas para hidratação;
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e até mudanças no calendário para fugir do auge do verão.
O futebol precisa mudar
Mais do que pausas ou ar-condicionado nos vestiários, a discussão é sobre o futuro do esporte num planeta cada vez mais quente. Se os jogadores estão derretendo em junho, o que esperar de julho de 2026?
O Mundial de Clubes expôs um problema que não pode mais ser ignorado. Não se trata apenas de desempenho, mas de sobrevivência em campo.
Com informações Agência Brasil