Em Belém, no último dia 19 de junho, uma família viveu momentos de aflição ao perceber que seu bebê de apenas 11 meses apresentava sono excessivo e falta de vigília para se alimentar. Preocupados, os pais restauraram as imagens do circuito interno de monitoramento e se depararam com uma cena alarmante: a babá, que também exercia funções como técnica de enfermagem, aparece no vídeo introduzindo à força um comprimido na boca da criança, enquanto a mantinha no colo de forma brusca e encobria parcialmente seu rosto com uma fralda para não ser percebida.
Diante desse flagrante, a família revistou a mochila da cuidadora e encontrou cartelas de medicamentos controlados: quetiapina 50 mg, antipsicótico de uso adulto com forte efeito sedativo, e sertralina 50 mg, antidepressivo com ação ansiolítica. Questionada, a babá negou no início, depois admitiu ter dado um remédio ao bebê, porém sem esclarecer qual; acabou afirmando ter se tratado apenas de “Calman”, fitoterápico inofensivo — uma justificativa contestada pelos pais que lembram a sonolência profunda observada no bebê.
Imediatamente, a criança foi levada a um hospital particular, onde recebeu atendimento urgente que incluiu lavagem gástrica, soro e carvão ativado, medidas que visam reduzir os efeitos de drogas consumidas — um procedimento fundamental, mas que pode dificultar a detecção da substância administrada. Posteriormente, foi submetida a exame toxicológico no Instituto Renato Chaves, cujo resultado deve levar entre 15 e 30 dias, conforme informado pela Polícia Civil.
O caso teve início com uma denúncia registrada na Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DATA), dando origem a um inquérito instaurado pela Divisão de Atendimento ao Adolescente (DATA) da Polícia Civil. No entanto, após a oitiva, a babá foi liberada mediante Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), o que provocou indignação dos pais e levou ao afastamento da delegada responsável — um processo disciplinar foi aberto para apurar eventual erro ou negligência.
Aquela que havia respondido à família com elogios deixou de aparecer, e as evidências tornam preocupante a possibilidade de a babá ter utilizado a quetiapina para calar o bebê e evitar trabalho noturno. As investigações agora se concentram em confirmar o tipo e a quantidade da substância aplicada, assim como apurar eventuais outras vítimas, considerando que seringas e remédios foram apreendidos na residência.
Paralelamente à persecução criminal por tentativa de homicídio qualificado, a Polícia Civil aguarda os laudos periciais que vão auxiliar na definição das próximas medidas judiciais — como o pedido de prisão preventiva, já solicitado por uma nova autoridade à frente do caso. Por fim, a atuação da babá como técnica de enfermagem amplia ainda mais a gravidade do episódio, levantando questões sobre a verificação de antecedentes e a responsabilidade na escolha de profissionais que lidam com crianças.
A família, por sua vez, permanece em estado de alerta, aguardando os resultados toxicológicos e exigindo maior rigor por parte das autoridades para que esse tipo de violência não se repita.