O senador de centro-direita Rodrigo Paz foi eleito novo presidente da Bolívia neste domingo (19), ao vencer o segundo turno das eleições contra o conservador Jorge "Tuto" Quiroga. Com 54,5% dos votos, o candidato do Partido Democrata Cristão (PDC) encerra quase vinte anos de hegemonia do Movimento ao Socialismo (MAS) no poder. Quiroga ficou com 45,5% dos votos, segundo o tribunal eleitoral, que já contabilizou 97% das urnas.
Apesar da vitória, o PDC não conquistou maioria no Legislativo, o que obrigará o novo governo a buscar alianças para garantir governabilidade. A posse de Rodrigo Paz está marcada para 8 de novembro.
Mudança política
A eleição de Paz, de 58 anos, representa uma guinada na política boliviana após quase duas décadas de domínio do MAS — partido fundado por Evo Morales. O novo presidente apresentou uma plataforma de centro, propondo equilíbrio entre programas sociais e fortalecimento do setor privado. Sua agenda reformista prevê incentivos fiscais para pequenas empresas, maior autonomia regional e uma transição gradual para um novo modelo econômico.
Em contraste, seu adversário Quiroga defendia medidas mais duras, como cortes orçamentários e um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essa diferença de abordagem contribuiu para atrair eleitores descontentes com o MAS, mas que rejeitavam políticas de austeridade.
Perfil e trajetória
Rodrigo Paz Pereira nasceu em 1967, em Santiago de Compostela, na Espanha, durante o exílio político de sua família. Ele é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989–1993), que governou a Bolívia após o “Acordo Patriótico” com o então ditador Hugo Banzer. O pacto garantiu o apoio do Congresso para sua eleição. Durante seu governo, Paz Zamora foi alvo de acusações de corrupção e supostas ligações com o narcotráfico, mas nunca chegou a ser condenado.
A carreira política de Rodrigo Paz começou em 2002, quando foi eleito representante de Tarija. Posteriormente, atuou como vereador e prefeito da cidade de mesmo nome, entre 2010 e 2020, período em que enfrentou questionamentos sobre supostos superfaturamentos e falhas em obras públicas.
Nos últimos anos, exerceu mandato como senador nacional pela aliança Comunidade Cidadã, de Carlos Mesa. Seu perfil político consolidou-se por meio de críticas moderadas ao governo de Luis Arce. Em 2019, participou da Coordenadoria para a Defesa da Democracia, grupo que questionou o resultado das eleições e pressionou por um segundo turno — episódio que antecedeu a queda de Evo Morales.