Putin sinaliza abertura para negociações de paz na Ucrânia, mas impõe condições e gera ceticismo internacional

Anúncio do Kremlin ocorre em meio a impasses diplomáticos, exigências territoriais e desconfiança por parte de Kiev e aliados ocidentais

 

O governo russo afirmou nesta quarta-feira (30) que o presidente Vladimir Putin está aberto a negociações de paz com a Ucrânia. No entanto, o Kremlin ressalta que o conflito é complexo e que um progresso rápido, como desejado pelos Estados Unidos, é difícil de ser alcançado. "O presidente continua aberto a métodos políticos e diplomáticos para resolver este conflito", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. Peskov acrescentou que os objetivos da Rússia devem ser alcançados e que a preferência de Moscou é alcançá-los pacificamente.  

Apesar da declaração de abertura para o diálogo, o governo russo mantém condições rígidas para um acordo de paz. Entre as exigências estão o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia e outras regiões ocupadas, como Donetsk, Lugansk, Jersón e Zaporiyia. Além disso, Moscou insiste que qualquer acordo final de paz seja firmado diretamente com Kiev, e não com os Estados Unidos, embora tenha confirmado a retomada de contatos com o governo americano.  

Em um gesto unilateral, Putin anunciou um cessar-fogo de 72 horas, de 8 a 10 de maio, para marcar o 80º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista. O governo ucraniano, liderado por Volodymyr Zelensky, desconfia da iniciativa, considerando-a uma manobra propagandística, e exige um cessar-fogo de pelo menos 30 dias. Zelensky também denuncia que, durante o recente cessar-fogo de Páscoa, a Rússia violou o acordo mais de 3.000 vezes.  

A comunidade internacional observa com ceticismo as declarações de Moscou. O governo dos Estados Unidos, que tem atuado como mediador nas negociações, advertiu que poderá se retirar das conversas se não houver avanços concretos. Enquanto isso, líderes europeus, como o presidente francês Emmanuel Macron, têm pressionado por um cessar-fogo mais duradouro e por negociações substanciais.  

A sinalização de Putin ocorre em um momento de intensificação dos combates no leste da Ucrânia e de crescente pressão internacional por uma solução diplomática. No entanto, as exigências russas e a falta de confiança por parte de Kiev e de seus aliados ocidentais indicam que um acordo de paz ainda está distante. 

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