Um áudio revelado pela Polícia Federal (PF) neste domingo, 23, reforça indícios de que a minuta golpista foi tratada diretamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enquanto ele ainda ocupava o Palácio do Planalto. Na gravação, o general da reserva Mario Fernandes menciona que o documento foi “despachado” com Bolsonaro e sugere que havia movimentações para sua implementação.
A gravação, extraída de dispositivos apreendidos durante a investigação da PF, foi enviada pelo militar ao general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, em 7 de dezembro de 2022. No trecho divulgado, Mario Fernandes afirma:
Segundo a PF, a mensagem foi enviada no mesmo dia em que Bolsonaro se reuniu com os comandantes do Exército e da Marinha, além do ministro da Defesa, para discutir a minuta.
Mario Fernandes está preso desde novembro de 2024, acusado de envolvimento em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Além disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Fernandes e outros 33 investigados por participação em uma tentativa de golpe de Estado. O general, que foi chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência e assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) até março do ano passado, também foi indiciado pela PF.
O Exército, a Aeronáutica e a Marinha foram procurados para comentar o caso, mas ainda não se manifestaram. O avanço das investigações deve trazer novos desdobramentos sobre o envolvimento de militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro na tentativa de ruptura institucional.