O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último sábado (21) que o país realizou um “ataque muito bem-sucedido” contra três instalações nucleares do Irã, incluindo os dois principais centros de enriquecimento de urânio. A ação marca oficialmente a entrada dos EUA no conflito iniciado por Israel há cerca de dez dias.
“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às instalações nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan. Todos os aviões estão fora do espaço aéreo iraniano e em segurança. Uma carga completa de bombas foi lançada no principal alvo, Fordow. Agora é hora da paz”, publicou Trump em suas redes sociais. Pouco depois, ele reforçou: “Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã”.
Os bombardeios americanos atingiram locais estratégicos para o programa nuclear iraniano — incluindo a instalação subterrânea de Fordow, a central de enriquecimento de Natanz e depósitos de urânio enriquecido em Isfahan. A expectativa é que os danos atrasem significativamente o desenvolvimento nuclear do Irã.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou a ofensiva americana. Em declaração, agradeceu pessoalmente a Trump. “O presidente dos Estados Unidos agiu para derrubar o país mais perigoso e suas armas mais perigosas”, afirmou. Netanyahu ainda descreveu Trump como “um grande amigo de Israel, como nenhum outro”, e disse que toda a população israelense compartilha desse sentimento de gratidão.
Retaliação do Irã
Em resposta direta aos bombardeios, o Irã lançou na madrugada desta segunda-feira (23) uma série de mísseis contra bases militares dos Estados Unidos no Catar. Uma das principais atingidas foi a base de Al Udeid, considerada a maior instalação americana no Oriente Médio, onde operam mais de 10 mil soldados.
Segundo fontes israelenses, seis mísseis foram disparados contra a base. Moradores de Doha, capital do Catar, relataram ter ouvido múltiplas explosões. Apesar da intensidade do ataque, tanto o governo do Catar quanto autoridades americanas afirmaram que não houve vítimas, conforme informações da agência Reuters.
Teerã também alegou ter bombardeado uma base americana no Iraque, informação que foi desmentida por autoridades iraquianas. A ofensiva iraniana recebeu o nome de “Anunciação da Vitória”. Em comunicado, as Forças Armadas do Irã afirmaram que "nenhum ataque contra o território iraniano ficará sem resposta".
De acordo com o New York Times, o Irã avisou com duas horas de antecedência sobre os ataques, tanto a Washington quanto a Doha, por meio de canais diplomáticos. Fontes iranianas explicaram que a estratégia visava permitir uma retaliação simbólica, mas controlada, buscando evitar uma escalada irreversível — uma tática semelhante à adotada em 2020 após a morte do general Qassem Soleimani.
Região em alerta máximo
O ataque gerou uma reação em cadeia no Oriente Médio. O espaço aéreo de quatro países — Catar, Bahrein, Kuwait e Emirados Árabes Unidos — foi fechado. O governo do Catar declarou que se reserva o direito de responder diretamente ao Irã, dentro dos parâmetros do direito internacional.
As forças dos Emirados Árabes estão monitorando de perto a situação. Enquanto isso, bases americanas no Iraque, Bahrein, Kuwait e Síria entraram em estado de alerta máximo, temendo novos ataques.
A Casa Branca confirmou que já monitorava a possibilidade de uma ofensiva iraniana e segue acompanhando os desdobramentos.
Conflito escalando rapidamente
A escalada de tensão acontece após mais de uma semana de ataques mútuos entre Israel e Irã. Desde o último dia 13, Israel tem conduzido bombardeios contra alvos iranianos, alegando que as ações miram estruturas militares e nucleares. O Irã, por sua vez, denuncia que civis estão entre as vítimas desses ataques.
Em resposta, Teerã tem disparado mísseis diariamente contra cidades israelenses como Tel Aviv, Haifa e Beersheba, ampliando o temor de que a crise se transforme em uma guerra regional de grandes proporções.
O cenário, que parecia restrito ao conflito entre Israel e Irã, agora envolve diretamente os Estados Unidos, aumentando a preocupação global sobre os rumos desse confronto no Oriente Médio.