A Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados negou, na terça-feira, 29, o recurso interposto pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a decisão do Conselho de Ética que sugeriu a cassação do mandato do parlamentar do Rio de Janeiro.
Os parlamentares da CCJ aprovaram o parecer do deputado Alex Manente (Cidadania-SP) por 44 votos a favor e 22 contrários. O processo deverá ir ao plenário da Câmara em 60 dias, segundo acordo com o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). O acordo foi firmado depois que Glauber fez 9 dias de greve de fome contra a cassação.
Glauber enfrenta um processo por agressão a um membro do MBL que insultou sua mãe, falecida pouco tempo depois e que sofria de Alzheimer. Em sua defesa na Câmara, o deputado alegou que a tentativa de cassação decorre de outras razões, não da agressão em si.
“De que eu estou sendo acusado? É a resposta a esse provocador? ‘Ah, Glauber, não cite mais o ex-presidente da Câmara’. Mas a minha pergunta é: a inicial tem especificamente as discussões com o ex-presidente da Câmara? Em relação ao que eu tenho que me defender?”, perguntou.
Glauber ainda afirma que está sendo cassado por uma articulação do ex-presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), por ter feito denúncias no chamado Orçamento Secreto. Lira nega as acusações.
O chamado "orçamento secreto" refere-se a um mecanismo de execução de verbas públicas pelo Congresso Nacional. Este sistema foi posteriormente suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF) devido à falta de transparência na aplicação de bilhões de reais do orçamento federal.
Em sua argumentação, o deputado indagou sobre a conduta dos membros da CCJ caso suas próprias mães enfrentassem um quadro avançado de Alzheimer.
“Em um momento em que a comoção, o nervosismo, a tensão na sua família é plena, e um sujeito, pela quinta vez, vem ao seu encontro falando e exercendo todo tipo de ataque à sua mãe, se você, deputado ou deputada, teria uma atitude diferente da que eu tive naquele dia?”, questionou novamente.
Segundo a Agência Brasil, foram quase 8 horas de debate com 18 inscritos para defender o deputado Glauber e outros 6 para falar contra o parlamentar.