Na tarde de domingo (28), um apagão de grandes proporções deixou Portugal, Espanha e partes do sul da França no escuro por até 36 horas. O blecaute afetou mais de 60 milhões de pessoas, causou ao menos quatro mortes indiretas, interrompeu serviços essenciais e impactou duramente a economia. A falha generalizada na rede elétrica gerou reações imediatas de governos, empresas e especialistas, que agora discutem os riscos da crescente dependência de fontes renováveis de energia.
Segundo a Red Eléctrica de España (REE), uma perda súbita de 15 gigawatts — cerca de 60% da demanda espanhola no momento — causou o colapso da rede elétrica em questão de segundos. A instabilidade se espalhou rapidamente, atingindo Portugal e parte da França. Embora tenham circulado rumores de ciberataque ou evento atmosférico extremo, autoridades de ambos os países descartaram essas hipóteses. As investigações seguem apontando para causas técnicas ligadas à baixa inércia elétrica do sistema, resultado da predominância de fontes renováveis como solar e eólica.
O incidente levou a interrupções graves. Hospitais precisaram operar com geradores de emergência, transportes públicos pararam, e sistemas de telecomunicação ficaram fora do ar. Em Portugal, dois órgãos para transplante foram inutilizados pela falta de refrigeração. Acidentes de trânsito e intoxicações por monóxido de carbono, em decorrência de geradores improvisados, também foram registrados.
Em resposta, o governo espanhol convocou o Conselho de Segurança Nacional para coordenar ações emergenciais e anunciou que irá revisar a estrutura energética do país. A União Europeia afirmou que abrirá uma investigação própria e discute propostas para reforçar a resiliência da rede elétrica europeia, incluindo mais investimentos em armazenamento de energia e maior integração entre países.
O blecaute traz à tona um alerta urgente: a transição energética precisa ser acompanhada por modernizações profundas na infraestrutura elétrica. Especialistas defendem um equilíbrio entre sustentabilidade e segurança, sob pena de novos episódios colocarem vidas e economias em risco.