TENSÃO NO STF

Advogado de ex-assessor de Bolsonaro protagoniza tumulto e é detido por desacato

Ex-desembargador Sebastião Coelho, defensor de Filipe Martins, foi retirado por policiais após interromper julgamento sobre tentativa de golpe de Estado

 

O julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados no Supremo Tribunal Federal (STF) foi marcado por um episódio de tensão nesta terça-feira, 25. O advogado e ex-desembargador Sebastião Coelho foi detido após interromper a leitura do relatório do ministro Alexandre de Moraes, gritando palavras de ordem do lado de fora do plenário. Ele foi retirado por policiais judiciais e liberado após o registro da ocorrência.

O Supremo Tribunal Federal analisava as denúncias contra Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado quando o incidente ocorreu. Sebastião Coelho, que defende Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente, protestou em voz alta contra a condução do julgamento, interrompendo o pronunciamento do relator. A segurança do STF agiu rapidamente e o retirou do local.

A atitude de Coelho foi classificada como desacato, e o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, determinou o registro de um boletim de ocorrência. O advogado foi detido em flagrante, mas liberado após a formalização do caso.

Natural de Santana de Ipanema (AL), Sebastião Coelho tem 69 anos e atuou como desembargador no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios até 2022. Desde então, passou a advogar em defesa de figuras ligadas ao bolsonarismo. Ele já havia causado polêmica em setembro de 2023, quando teve seu sigilo bancário quebrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sob suspeita de incitação a atos golpistas.

Durante um julgamento anterior no STF, Coelho chegou a afirmar que os ministros da Corte eram "as pessoas mais odiadas do Brasil". Ele também representou Aécio Lúcio Costa Pereira, um dos primeiros condenados pelos ataques de 8 de janeiro, que recebeu pena de 17 anos de prisão.

A detenção de Coelho reflete a crescente tensão nos julgamentos relacionados à tentativa de golpe e ao cerco jurídico a aliados do ex-presidente. O julgamento no STF seguiu após a interrupção, com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, assumindo a palavra.

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