Em meio a crescentes movimentações diplomáticas na Europa, Israel sinalizou que pode tomar uma medida forte: a anexação de territórios na Cisjordânia. A possível ação seria uma resposta direta a países como Reino Unido e França, que estão considerando reconhecer oficialmente o Estado palestino.
O ministro dos Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, deixou claro nesta segunda-feira (26) que, caso essa onda de reconhecimento internacional avance, Israel poderá agir unilateralmente. A área em questão é a chamada Área C, a maior das três regiões em que a Cisjordânia foi dividida após os Acordos de Oslo na década de 1990.
Para entender a importância disso, vale lembrar que esses acordos definiram que a Área C ficaria sob controle israelense, enquanto as Áreas A e B teriam diferentes níveis de administração da Autoridade Palestina. O plano inicial era temporário, mas até hoje nunca foi completamente implementado.
Essas declarações de Dermer vieram justamente diante da possibilidade de um reconhecimento formal do Estado palestino durante a próxima Cúpula de Nova York, marcada para 18 de junho, que terá a França e a Arábia Saudita como copresidentes.
Não é só Dermer que fez alertas sobre uma resposta firme de Israel. O ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Gideon Saar, também comentou que medidas unilaterais podem ser tomadas, especialmente em resposta a declarações de autoridades europeias como o francês Jean-Noël Barrot e o britânico David Lammy.
No mês passado, o chefe da diplomacia britânica já tinha sinalizado que Londres está conversando com Paris sobre reconhecer o Estado palestino, mas que essa decisão dependeria dos resultados práticos que ela poderia trazer.
Enquanto isso, do lado europeu, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, reforçou o apoio da União Europeia à solução de dois Estados e manifestou expectativa pela conferência das Nações Unidas em Nova York, em junho.
Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou que o país mantém a questão do reconhecimento do Estado palestino “sempre em avaliação”. Segundo ele, a posição portuguesa é constantemente discutida com parceiros internacionais e, embora não tenha mudado, o reconhecimento pode acontecer futuramente, dependendo da evolução dos acontecimentos.
Essa movimentação internacional mostra como o conflito entre Israel e Palestina continua vivo e complexo, com impactos que ultrapassam fronteiras e que podem mudar o mapa político da região.