O Irã enfrenta uma de suas maiores tragédias civis dos últimos anos após uma violenta explosão no porto de Shahid Rajaee, em Bandar Abbas, no sábado (26). De acordo com atualizações divulgadas neste domingo (27), o número de mortos subiu para 40 e o de feridos ultrapassou para mais de 1.200.
Testemunhas relataram que o impacto foi tão forte que estilhaçou vidraças a quilômetros de distância. A explosão ocorreu em uma área de armazenamento de contêineres, provocando incêndios em cadeia que rapidamente se espalharam pelo terminal, um dos mais importantes para a economia iraniana.
As investigações preliminares apontam que o acidente pode ter sido causado pelo armazenamento inadequado de materiais químicos altamente inflamáveis, incluindo substâncias utilizadas na indústria e em combustíveis de foguetes. As autoridades investigam possíveis falhas de segurança e negligência.
Durante visita a hospitais da região, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, prometeu uma apuração rigorosa e prestou solidariedade às vítimas:
"É um momento de imensa dor para o povo iraniano. Determinaremos os responsáveis e daremos todo o suporte necessário às famílias afetadas."
O impacto da explosão ultrapassou os limites do porto. Escolas, comércios e até áreas residenciais próximas foram evacuadas. A qualidade do ar na região se deteriorou devido à fumaça tóxica, obrigando muitos moradores a deixarem suas casas temporariamente. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o céu tomado por densa fumaça preta, enquanto equipes de emergência trabalham para conter novos focos de fogo.
Bombeiros trabalham incansavelmente para controlar o incêndio que teve início no porto de Bandar Abbas, neste domingo (27). Foto: Meysam Mirsadeh/Tasmim News/AFP
Além das perdas humanas e materiais, a tragédia ameaça desencadear sérias consequências econômicas. O porto de Shahid Rajaee é responsável por mais da metade das operações de exportação e importação do país. Sua paralisação pode comprometer cadeias logísticas e afetar o comércio internacional via estreito de Ormuz, uma rota estratégica para o transporte global de petróleo.
A explosão também acontece em um momento diplomático delicado: o Irã participa de negociações nucleares em Omã com representantes dos Estados Unidos. Analistas sugerem que o desastre pode influenciar diretamente o clima das conversas, já tensionadas. Rússia e outros aliados já enviaram equipes de resgate e apoio logístico para o Irã. Ainda há risco de novas explosões secundárias, já que nem todos os materiais inflamáveis foram removidos da área afetada.
As autoridades alertam para o risco de novas explosões, já que nem todos os materiais inflamáveis foram removidos da área afetada. As próximas horas serão decisivas tanto para o rescaldo da emergência quanto para as estratégias do governo iraniano em relação à crise econômica e diplomática desencadeada pelo acidente.