Duelo Tarifário

China diz estar "avaliando" negociação com Estados Unidos sobre taxas aduaneiras

Washington e Pequim têm estado presos em um jogo de gato e rato sobre as tarifas

 

O Ministério do Comércio da China declarou em 2 de maio que está “avaliando” uma proposta dos EUA para retomar as negociações comerciais, mas condicionou qualquer diálogo à retirada prévia das tarifas unilaterais impostas por Washington e advertiu contra o uso de “extorsão e coerção”. Enquanto isso, o presidente Donald Trump adotou tom mais ameno, sugerindo reduzir as tarifas de 145% sobre produtos chineses e prometendo ser “muito gentil” na mesa de negociação para convencer Xi Jinping a retornar às conversas. As tarifas começaram em níveis modestos em fevereiro, mas escalaram rapidamente para 145% pelos EUA e para 125% pela China, gerando forte impacto no comércio bilateral, em cadeias de suprimentos globais e nas perspectivas de crescimento econômico mundial.

O comunicado de 2 de maio do Ministério do Comércio chinês afirmou que, embora esteja analisando o convite americano, qualquer negociação só ocorrerá se os EUA demonstrarem “sinceridade genuína” cancelando os aumentos unilaterais de tarifas.

 Pequim reiterou que tentativas de usar o diálogo como pretexto para “extorsão e coerção” serão rejeitadas, ressaltando a necessidade de igualdade e respeito mútuo nas tratativas.

Na última semana de abril, Trump afirmou que as tarifas de 145% sobre produtos chineses poderiam ser “substancialmente reduzidas” caso as negociações avancem, e garantiu ser “muito gentil” na revisão das medidas tarifárias.

 Essa mudança de tom ocorre num momento em que o representante de Comércio dos EUA, Chiquita Brooks-LaSure, também sinalizou disposição para negociar acordos comerciais com outros parceiros, mesmo sem debate imediato sobre a China.

Guerra Tarifária

Em fevereiro, Trump declarou emergência nacional para combater o tráfico de fentanil, usando isso como base legal para aplicar 10% de tarifas sobre todas as importações chinesas.

 Em março, esse percentual subiu para 20%, ainda visando pressionar Pequim a cooperar no controle de substâncias ilícitas.

No dia 2 de abril, o governo Trump anunciou tarifas de 34% sobre cerca de 8.000 itens chineses, um aumento drástico que afetou mais de 180 países e regiões que participam das cadeias de comércio global.

 Em resposta, a China aplicou tarifas de 34% sobre produtos estadunidenses a partir de 10 de abril, além de adotar restrições à exportação de minérios e insumos críticos como terras-raras, numa retaliação coordenada.Após a resposta inicial, Trump ameaçou subir ainda mais, chegando a anunciar um adicional de 50% caso a China não recuasse, elevando temporariamente a tarifa sobre bens chineses a 104% antes de confirmar o patamar de 145%.

 A China reagiu elevando as suas tarifas para 125% sobre importações estadunidenses a partir de 11 de abril, consolidando um impasse tarifário sem precedentes entre as duas maiores economias.

O volume de importações chinesas pelos EUA despencou cerca de 60% em abril, enquanto as exportações estadunidenses para a China caíram 80%, refletindo o impacto imediato das barreiras tarifárias.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as projeções de crescimento global, estimando que a economia mundial crescerá apenas 2,8% em 2025, uma queda de 0,5 p.p. em relação à previsão anterior, em grande parte devido às tensões comerciais.

Em sua reunião de primavera, o FMI apontou que a falta de clareza sobre as tarifas estadunidenses preocupa os líderes financeiros, com a probabilidade de recessão nos EUA elevada a 40%, embora sem previsão imediata de queda de produção.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, exortou as nações a resolverem “rapidamente” os conflitos comerciais para evitar danos maiores ao crescimento global.

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