O Brasil registrou, em 2024, a menor diferença entre os maiores e os menores rendimentos desde 2012. As informações foram divulgadas pelo IBGE nesta quinta-feira (8/5), na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Os 10% da população com os maiores rendimentos recebem 13,4 vezes o que os 40% com os menores rendimentos auferem.
Essa é a menor razão desde 2012, início da série histórica da pesquisa.
Em 2024, a média de rendimento dos 10% mais bem remunerados era de R$ 8.034, enquanto a dos 40% com menor rendimento ficou em R$ 601. Em 2018, foi registrada a maior diferença, quando os 10% de maior renda recebiam cerca de 17 vezes o que os 40% ganhavam.
Considerando ainda o 1% mais rico, a diferença aumenta: o rendimento médio dessa parcela chegou a R$ 21.767,36 em 2024, ou 36,2 vezes o dos 40% de menor renda. Essa razão caiu em relação a 2023, quando era de 39,2.
A Pnad considera rendimentos do trabalho, de programas sociais, aposentadorias, pensões e outras fontes, como aluguéis, aplicações financeiras e bolsas de estudo.
Aumento da renda
Houve maior crescimento real (já descontada a inflação) entre quem recebe menos. Os 40% de menor rendimento domiciliar per capita tiveram alta de 9,3% em 2024 em comparação a 2023, passando de R$ 550 para R$ 601. Já os 10% de maior rendimento registraram variação menor, de 1,5%, indo de R$ 7.944 para R$ 8.034.
Em média, o rendimento mensal real per capita do país foi de R$ 2.020 em 2024, aumento de 4,7% em relação a 2023 (R$ 1.929).
“Nas classes de menor renda, observou-se crescimento bastante acima da média do país, enquanto nas classes de maior renda, principalmente nos 10% mais ricos, o avanço ficou abaixo da média”, afirma o analista do IBGE Gustavo Fontes.
Fatores que explicam o crescimento dos menores rendimentos
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O dinamismo do mercado de trabalho nos últimos anos, com elevação do nível de ocupação e aumento do rendimento médio do trabalho, inclusive nos décimos mais baixos da distribuição;
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Os reajustes do salário mínimo;
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O recebimento de benefícios de diferentes programas sociais do governo.
O programa Bolsa Família foi um dos destaques na expansão por domicílio, principalmente em 2019.
Aumento nos rendimentos dos 40% de menor renda (2019–2024)
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Norte: 54,7%
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Nordeste: 51,1%
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Sul: 16,5% (menor expansão)
Valores per capita dos 40% de menor renda
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Nordeste: R$ 408 (menor valor)
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Norte: R$ 444
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Centro-Oeste: R$ 757
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Sudeste: R$ 765
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Sul: R$ 891 (maior valor)
Sobre a desigualdade
O índice de Gini — que mede a concentração de renda, variando de 0 (igualdade total) a 1 (desigualdade total) — do rendimento domiciliar per capita também diminuiu, alcançando 0,506 em 2024, o menor valor da série. De 2012 a 2015, o índice caiu de 0,540 para 0,524, mas voltou a subir até atingir 0,545 em 2018.
Apesar da desigualdade ainda elevada, o Brasil apresenta sinais de melhora.
Fonte: Agência Brasil.