Liberdade de imprensa no Brasil dá sinais de recuperação, mas não apaga cenário de riscos

País sobe 47 posições em ranking global, mas ainda enfrenta ameaças à segurança de jornalistas e à transparência institucional

 

O Brasil subiu 47 posições no ranking mundial de liberdade de imprensa divulgado pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) nesta quinta-feira (2). A melhora, que coloca o país na 82ª colocação entre 180 avaliados, é um sinal de recuperação após anos de retrocessos. No entanto, especialistas alertam que o avanço não significa uma reversão completa das ameaças enfrentadas por jornalistas no país.

Segundo a RSF, a melhora reflete um ambiente menos hostil à atividade jornalística, especialmente após a mudança de governo federal. Durante o mandato anterior, a retórica agressiva e a desinformação partiram frequentemente de autoridades de alto escalão, o que influenciou negativamente o exercício da imprensa livre. A nova administração tem adotado uma postura mais aberta ao diálogo com veículos de comunicação e jornalistas.

Apesar disso, o relatório aponta que o Brasil segue como um dos países mais perigosos para profissionais da imprensa na América Latina. Casos de violência, assédio online, censura e perseguição judicial ainda são frequentes, especialmente contra jornalistas que cobrem temas políticos, ambientais ou relacionados à criminalidade.

Outro ponto de atenção é a concentração da propriedade dos meios de comunicação e a falta de transparência na gestão de verbas publicitárias estatais, que podem afetar a pluralidade de vozes e o acesso à informação. A RSF também destaca a importância de fortalecer mecanismos de proteção a jornalistas e garantir a liberdade editorial nas redações.

O ranking da RSF avalia cinco indicadores: contexto político, estrutura legal, contexto econômico, contexto sociocultural e segurança. A pontuação do Brasil melhorou principalmente nos quesitos político e de segurança, embora ainda esteja distante dos países com imprensa mais livre, como Noruega, Dinamarca e Suécia, que lideram o ranking.

Especialistas ressaltam que, embora a subida represente um avanço importante, ela não deve ser interpretada como uma solução definitiva. “Ainda é um cenário frágil. A liberdade de imprensa é um processo contínuo que exige vigilância e compromisso institucional com a democracia”, afirma a organização.

O ranking é divulgado anualmente no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio. A data convida à reflexão sobre o papel da imprensa na construção de sociedades democráticas e transparentes, e sobre os riscos enfrentados por profissionais que lutam pelo direito à informação.

Com informações Agência Brasil 

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