No Brasil, estima-se que pelo menos 7 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos não estejam vacinados contra o Papilomavírus Humano (HPV). Para reverter esse quadro, o Ministério da Saúde iniciará, ao longo deste ano, uma campanha de resgate com o objetivo de identificar e imunizar esses jovens.
O HPV é responsável por quase 100% dos casos de câncer do colo do útero, o terceiro tipo mais comum entre as mulheres brasileiras. Além disso, o vírus pode causar cânceres no ânus, pênis, vagina e garganta. A vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra os quatro subtipos mais associados ao desenvolvimento de câncer, além de prevenir verrugas e lesões genitais.
A eficácia da vacina é maior quando administrada antes do início da vida sexual, reduzindo significativamente as chances de infecção prévia, já que a principal forma de transmissão do HPV é sexual. Por isso, a vacinação de rotina é recomendada para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Desde abril de 2024, o esquema vacinal para essa faixa etária passou a ser de dose única, conforme orientações do Ministério da Saúde.
A consultora médica da Fundação do Câncer, Flávia Correa, destaca a importância de vacinar aqueles que não receberam o imunizante na idade recomendada, visando à eliminação do câncer de colo do útero no país. Ela ressalta que, embora a cobertura vacinal da primeira dose tenha sido quase total em 2014, houve uma queda significativa na segunda dose devido a desinformações sobre a vacina. A pandemia de covid-19 também contribuiu para a redução geral das coberturas vacinais. Flávia enfatiza que, mesmo que o indivíduo tenha tido contato com um dos tipos de HPV, a vacina oferece proteção contra outros subtipos, proporcionando benefícios adicionais.
Estratégias da campanha
Inicialmente, a campanha focará em 121 municípios com as menores coberturas vacinais, onde residem cerca de 3 milhões de adolescentes não vacinados. A meta é imunizar pelo menos 90% desse público. Aqueles que não têm certeza sobre sua situação vacinal também serão vacinados por precaução. Para viabilizar a campanha, os estados deverão solicitar doses extras da vacina ao Ministério da Saúde, responsável pela aquisição e distribuição dos imunizantes. A pasta recomenda que a vacinação ocorra não apenas em unidades de saúde, mas também em locais como escolas e shoppings, facilitando o acesso dos jovens.
A vacinação de rotina para adolescentes de 9 a 14 anos continuará normalmente. A vacina contra o HPV é contraindicada apenas para gestantes e pessoas com hipersensibilidade grave ou alergia a levedura. Flávia Correa reforça que o imunizante é seguro, com mais de 500 milhões de doses aplicadas mundialmente, e que países que introduziram a vacinação há mais tempo já observam redução na prevalência de infecções por HPV e na incidência de câncer de colo do útero. "Sempre que você tem prevenção primária, essa é a melhor maneira de evitar as doenças", conclui a especialista.
Com informações da Agência Brasil.