COMÉRCIO EXTERIOR

Brasil vê brecha para expandir exportações com tensões comerciais entre EUA e China

Governo monitora disputa tarifária e avalia oportunidades no mercado chinês para soja, carne de frango e sorgo

 

A intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode abrir novas oportunidades para o Brasil no mercado global. Com Pequim impondo novas tarifas sobre produtos agrícolas americanos, o governo brasileiro avalia a possibilidade de ampliar suas exportações para a China, especialmente nos setores de soja, carne de frango e sorgo. Apesar do cenário promissor, especialistas alertam para desafios e possíveis impactos inflacionários no país.

A recente decisão da China de taxar em 10% e 15% as importações de produtos agrícolas dos EUA pode beneficiar produtores brasileiros. O país asiático, maior consumidor global de commodities agrícolas, busca diversificar fornecedores para minimizar os efeitos das barreiras tarifárias impostas por Washington.

Fontes do governo brasileiro avaliam que a medida pode consolidar a posição do Brasil como um parceiro estratégico da China no setor agropecuário. Entretanto, a diplomacia nacional evita demonstrar alinhamento automático com Pequim, priorizando uma postura pragmática.

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, defende que o Brasil aproveite a oportunidade sem se envolver diretamente na disputa entre as duas potências.

Apesar do otimismo, há preocupações sobre os efeitos colaterais da possível alta na demanda. Um crescimento expressivo das exportações de soja, carne e grãos pode pressionar os preços internos e impactar a inflação dos alimentos, afetando o consumidor brasileiro.

No Ministério das Relações Exteriores, a visão é de que uma guerra comercial prolongada entre China e EUA pode gerar instabilidade no comércio global. A diplomacia brasileira mantém cautela, evitando comentários sobre possíveis negociações com Washington diante de um cenário ainda indefinido.

Na noite de terça-feira, 4, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a mencionar o Brasil ao defender sua política de tarifas recíprocas. O governo brasileiro, no entanto, minimizou a declaração e segue monitorando os desdobramentos da disputa.

Diante desse cenário, o Brasil busca equilibrar sua posição no comércio internacional. A ampliação das exportações pode fortalecer o agronegócio e trazer ganhos econômicos, mas exige planejamento estratégico para evitar desequilíbrios internos. Enquanto isso, o país segue atento aos próximos movimentos das duas maiores economias do mundo e às oportunidades que possam surgir.

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