QUEDA NA APROVAÇÃO

Analistas avaliam que troca na comunicação não basta para reverter queda na aprovação de Lula

 

A queda na aprovação do governo Lula, apontada pela pesquisa Datafolha, revela dificuldades do Planalto em criar marcas que impactem o cotidiano dos brasileiros, a influência da alta dos preços dos alimentos no humor da população e a habilidade da oposição em dominar narrativas públicas, como no caso das fake news sobre uma suposta intenção de taxar o Pix.

Especialistas consultados pelo GLOBO concordam que, embora Lula tenha acertado ao admitir a necessidade de renovar a comunicação do Planalto ao nomear Sidônio Palmeira como ministro, essa mudança sozinha não será suficiente para reverter o cenário de rejeição ao governo. Nem mesmo as recentes viagens presidenciais têm o poder de mudar essa tendência.

"O governo foi fortemente impactado pela polêmica do Pix, mostrando que a oposição sabe explorar temas sensíveis ao bolso dos brasileiros, enquanto o Planalto se mostrou ineficaz na resposta. Falta ao governo uma identidade clara. Lula resgatou programas de 20 anos atrás, mas sua gestão atual parece desconectada do mundo contemporâneo", avalia o cientista político Eduardo Grin, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Os problemas na comunicação do Planalto envolvem tanto omissões quanto declarações polêmicas. Comentários do presidente, como a sugestão de que os consumidores deixem de comprar produtos caros no supermercado, têm prejudicado a imagem do governo, na opinião de Carlos Ranulfo, cientista político da UFMG.

"O governo tem bons números macroeconômicos, como a queda do desemprego e o crescimento do PIB. Mas o eleitor comum se preocupa com a inflação no supermercado, com a vida prática. É preciso cautela na análise dos resultados da pesquisa, pois podem refletir apenas um “solavanco” momentâneo", alerta Ranulfo.

Para o especialista, uma reforma ministerial acelerada seria essencial para fortalecer o apoio político e destravar pautas no Congresso.

Com informações de O Globo.

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