The Last Of Us

Segunda temporada de The Last Of Us suaviza jornada de Ellie e divide fãs

Com mudanças significativas em relação ao jogo, a série abandona o tom sombrio da Parte 2 em favor de uma narrativa mais emocional e acessível para a TV

 

Desde o seu lançamento em 2013, o jogo The Last of Us é reverenciado quase com unanimidade como uma obra-prima dos videogames, conquistando fãs com sua narrativa densa, emocional e brutalmente honesta. Já sua sequência, lançada em 2020, ousou ao quebrar expectativas, reformular o arco da protagonista Ellie e mergulhar na jornada de vingança, dor e perda de novos personagens. 

Agora, com a segunda temporada da adaptação da HBO no ar, os fãs começam a questionar sobre a real adaptação de Neil Druckmann no jogo. Até o último domingo, 11 de maio, cinco episódios já foram exibidos, mais da metade da temporada, e fãs criticam sobre a falta da veracidade, gameplay e adaptação com a história de vingança e dor mostrada no segundo jogo. 

Enquanto no game Ellie é apresentada como uma jovem consumida por raiva e com um carisma construído a partir de ações violentas e impulsivas, a adaptação vivida por Bella Ramsey (que também é criticada pela diferença de aparência com a personagem do jogo) parece mais contida. As atitudes brutais que definem sua trajetória no jogo são substituídas por momentos mais sutis e humanizados juntamente à outros personagens, levantando a questão de que os criadores estariam suavindo as atitudes de Ellie para torná-la mais agradável ao público televisivo, tornando-a menos "vilanesca" para a audiência. 

O romance com Dina (Isabela Merced), por exemplo, é um dos elementos que mais humanizam a protagonista nesta temporada, o que diminui também o sentimento de luto e vazio existencial que marca a personagem no jogo. Lá, Ellie é uma figura errante, quase zumbi, vagando num mundo que ela poderia salvar, mas que a rejeita a cada passo — ela é cruel porque o mundo também é.

Neil Druckmann e Craig Mazin, diretores de criação e roteiristas da série, já demonstraram não ter medo de reinventar o universo da série, mesmo às custas de controvérsia. Resta saber se essa reinvenção manterá o espírito da obra original ou se abrirá caminho para algo completamente novo — e se o público estará preparado para isso.

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