No episódio que foi ao ar na quarta-feira, 1º de maio, o canal Ambulatório da M.O.D.A recebeu Ney Matogrosso para um bate-papo sobre expressão visual, o uso da maquiagem como escudo e os preconceitos enfrentados ao longo de sua carreira. O cantor relembrou passagens importantes de sua trajetória e refletiu sobre como o público reagiu à sua imagem desde o início.

Um dos trechos que mais chamou atenção foi o relato sobre a chegada das sandálias Havaianas e o preconceito enfrentado pelos homens ao exporem os pés em público.

"Quando surgiram as sandálias Havaianas, eu disse: graças a Deus, liberaram o pé da gente. Um homem só andava de sapato de couro amarrado", contou. "Calcei uma Havaiana e fui na casa da minha tia. Quando ela me viu, disse: ‘Você saia da minha casa agora e nunca mais volte aqui com o pé de fora’. Eu virei as costas e nunca mais voltei lá."

Em outro momento, Ney contou como surgiu a ideia de adotar maquiagem pesada no início da carreira. A inspiração veio das imagens do teatro kabuki que observava ao caminhar pelo bairro da Liberdade, em São Paulo. A pintura facial, segundo ele, funcionava como uma forma de preservar sua privacidade.

"Eu achei interessante. Cadê a cara das pessoas? Não tem a cara delas. Pensei: boa ideia para eu passar despercebido. E passei, tá? Ninguém sabia quem eu era."

A tática se provou eficiente até em ocasiões inesperadas, como contou o cantor ao relembrar um episódio curioso: "Fiz um show lotado no Maracanãzinho e no dia seguinte estava na praia, de sunga, ouvindo as pessoas falarem de mim sem saber que era eu."

Ao longo da entrevista, as apresentadoras também ressaltaram a influência do visual de Ney Matogrosso sobre diferentes gerações — incluindo possíveis inspirações em artistas internacionais, como a banda Kiss.

"Eu não copiei ninguém", afirmou Ney. "A maquiagem foi uma forma de me proteger — e de me esconder também."

O episódio completo com Ney Matogrosso está disponível no canal Ambulatório da M.O.D.A, no YouTube.