Em novembro de 2025 os olhos do mundo estarão voltados para a capital paraense, em meio a efervescência das obras que tomam conta de toda a cidade para receber a 30° Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, há um contraste gritante em relação às ilhas que compõem a parte insular de Belém.
Segundo informações concedidas por moradores da Ilha do Combu à Agência Brasil muitos habitantes das ilhas que fazem parte da área insular de Belém não dispõem de acesso a água potável e nem de sistema regular de esgoto.
Diferentemente dos moradores da capital que são assistidos pela COSANPA (Companhia de Saneamento do Pará) e pelo SAAEB (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém), para ter acesso a água apropriada para consumo, os ribeirinhos precisam realizar a compra de galões de água mineral.
“Alguns turistas acham que a gente usa água do rio para fazer suco, para bater açaí. Aí a gente fala que a nossa água é desses tambores de 20 litros, e que é caro para a gente, mas não tem outra opção. Então, o consumo geralmente é água mineral”, disse o comerciante local Rosivaldo de Oliveira Quaresma, de 49 anos.
De acordo com o comerciante, a água do Rio Guamá é usada apenas para fins de limpeza, isso após passar por um processo caseiro de purificação e, que para poder consumi-lá seria necessário um processo mais completo, porém mais oneroso para os moradores locais.
“O certo era mesmo fazer o puxado da água do rio, fazer um tratamento mais forte e botar numa caixa para 20 famílias. Lá na outra comunidade, botar para mais 20. Mas o problema é o valor que é caro para um ribeirinho fazer.” Disse Rosivaldo.
A falta de sistema de esgoto também é um desafio para os ribeirinhos. A maioria das 596 famílias que moram na região possuem fossa séptica, mas com o aumento do turismo na região, a infraestrutura se mostra insuficiente para atender a todos e acarreta no descarte irregular do esgoto.
“A gente não joga o esgoto no rio ou na mata. Mas, quando enche, a gente tem que tirar e jogar na mata, sempre. E a gente não tem um apoio até o momento para resolver isso”, explica Rosivaldo.
A Ilha do Combu é um território de proteção ambiental (APA) desde de 1997 e juntamente com as demais 38 ilhas, compõe a área insular de Belém. Representando 65% do território da capital. O turismo tem ganhado destaque na região nos últimos anos e também é considerada a principal atividade econômica do local.
O comitê organizador da COP 30 informou que as ilhas não foram incluídas nas obras para o evento sobre o clima, mas que seriam beneficiadas por meio das mais de 30 obras que estão acontecendo na área continental da cidade, entre elas as de serviço de macrodrenagem dos canais.
Da COP 30
O evento das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está cotado para acontecer entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém do Pará. Na reunião que promete reunir líderes do mundo todo, o foco será o combate às mudanças climáticas que assustam e têm provocado grandes catástrofes mundo a fora. Serão discutidas e aprovadas medidas para combater o avanço dessas mudanças e freiar o aquecimento global.
Pela primeira vez na história, esse evento ocorrerá na Amazônia, dada a sua importância central para a preservação do clima no planeta. O evento de amplitude global também contará com amostras culturais e shows de artistas internacionais, como Mariah Carrey.
Com informação Agência Brasil