Tecnologia que utiliza IA criada pelo Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) é capaz de identificar a presença de metanol em bebidas alcoólicas adulteradas. Com apenas uma gota da bebida o equipamento reconhece odores estranhos em relação à bebida original.
Primeiro são apresentadas amostras de bebidas originalmente verdadeiras para que a máquina seja calibrada e então as versões adulteradas.
"Ele serve para verificar a qualidade de bebidas e alimentos. Tendo em vista o advento do metanol, a gente consegue detectar se a bebida está adulterada ou está dentro do padrão de qualidade da indústria’’, explica o professor Leandro Almeida, do Centro de Informática. "O nariz eletrônico transforma aromas em dados. Esses dados alimentam a inteligência artificial que aprende a reconhecer a assinatura do cheiro de cada amostra", completa.
A leitura dos aromas é feita pelo equipamento em até um minuto e ele detecta não só a presença de metanol como de qualquer outro tipo de adulteração, como por exemplo, bebidas diluídas em água.
O nariz eletrônico também pode identificar adulterações em alimentos ou mesmo para uso em hospitais para identificar, pelo cheiro, a presença de micro-organismos.
"Você pode falar de, por exemplo, a qualidade de um café, a qualidade de um pescado, de uma carne vermelha, carne branca, peixe, pescados", explica Leandro.
O nariz eletrônico foi apresentado no terceiro dia do Rec’n’Play 2025, o festival de inovação e tecnologia que aconteceu no centro histórico de Recife. O grupo de pesquisa também pensa em caminhos para viabilizar o uso da tecnologia no setor de bares, restaurantes e adegas, disponibilizando equipamentos para os donos dos estabelecimentos que revendem a bebida por meio de tótens acessíveis aos clientes. Outra ideia é produzir equipamentos portáteis para que a própria empresa que fabrica a bebida verifique se o produto oferecido nos estabelecimentos é realmente verdadeiro.
"Nós já temos o desenho de uma canetinha para o cliente final. Para que ele mesmo consultar a sua bebida ou alimento", explica Leandro.
Até o momento, a versão etílica do nariz eletrônico só foi testada em laboratório e precisa ser testada em um ambiente real para ser comercializada. Estima-se que seria necessário um investimento de cerca de 10 milhões de reais para tonar a tecnologia acessível.