Manifestantes interditaram, nesta quarta-feira, 19, o KM 573 da BR 230, que passa próximo à barragem da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em um protesto que já dura desde o último dia 17 de março. A ação ocorre no acesso à balsa que faz a travessia entre os municípios da região, especialmente Altamira, e envolve pescadores de diversas comunidades impactadas pela construção da usina.
A Federação dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura do Estado do Pará (Fetape/PA), liderada por José Fernandes, confirma o bloqueio e detalha que a manifestação é pacífica, com o objetivo de chamar a atenção para as condições precárias vividas pelos pescadores da área, que se consideram negligenciados pelo governo e pela Norte Energia, responsável pela hidrelétrica.
De acordo com os manifestantes, a ação é uma resposta à falta de um diálogo efetivo por parte da empresa, além da ausência de compensações adequadas pelos danos causados. Os pescadores exigem um pagamento imediato de indenização, no valor de R$ 20 mil por pessoa, e a criação de um Fundo de Reparação Socioambiental, que inclua ações de repovoamento das espécies pesqueiras e a recuperação das áreas afetadas pela obra.
Além disso, os trabalhadores reivindicam que as Colônias de Pescadores sejam reconhecidas como representantes legítimas das comunidades tradicionais atingidas e que a Norte Energia assuma a responsabilidade pelos danos causados ao ecossistema do rio Xingu e às famílias que dependem da pesca artesanal para subsistência.
O protesto também busca garantir um apoio emergencial financeiro para as famílias e o reconhecimento de que as comunidades pesqueiras estão sendo tratadas de forma injusta, sem o devido respaldo em suas necessidades e direitos.
Os manifestantes se concentram, no momento, nas imediações da balsa da BR-422, em Altamira, aguardando que suas demandas sejam ouvidas e atendidas. De acordo com José Fernandes, o movimento continua organizado e de forma pacífica, mas a expectativa é de que a pressão aumente caso suas reivindicações não sejam atendidas.
A ação tem apoio de pescadores de diversos municípios da região, como Gurupá, Vitória do Xingu, Porto de Moz, Anapu e Senador José Porfirio, todos afetados pela construção e operação da usina, que alterou drasticamente o ecossistema local e prejudicou a atividade pesqueira na região.