A Anistia Internacional lançou seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo, destacando o Brasil entre os países com graves violações relacionadas à violência policial. O documento aponta o uso excessivo e desnecessário da força em operações realizadas na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre julho e setembro de 2023, período em que 394 pessoas foram mortas por ações policiais.
O relatório enfatiza que a maioria das vítimas são jovens negros e moradores de comunidades periféricas, evidenciando o racismo sistêmico presente nas instituições de segurança pública do país. A Anistia Internacional critica a falta de medidas eficazes por parte das autoridades para conter a letalidade policial e destaca a ausência de políticas públicas que assegurem a responsabilização dos agentes envolvidos em abusos.
Além disso, a organização ressalta o impacto dessas operações no cotidiano das comunidades afetadas, como o fechamento de escolas e unidades de saúde durante confrontos armados. No Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, 17 mil estudantes ficaram sem aulas e 3 mil consultas médicas foram suspensas em outubro de 2023 devido ao risco de tiroteios.
A Anistia Internacional também critica a falta de transparência e controle externo das atividades policiais, apontando a necessidade de maior atuação do Ministério Público na investigação e fiscalização das forças de segurança. Para reforçar essa demanda, lançou o documentário Descontrole: o Ministério Público no Centro das Atenções, que aborda a importância do controle institucional e da responsabilização de agentes envolvidos em violações de direitos humanos.
Diante desse cenário, a Anistia Internacional reforça a urgência de reformas estruturais nas instituições de segurança pública brasileiras, com foco na promoção dos direitos humanos, na redução da letalidade policial e no combate ao racismo sistêmico. A organização enfatiza que a responsabilização dos agentes abusivos é fundamental para garantir justiça às vítimas e prevenir novas violações.